Otimismo e Inteligência Emocional14 min de leitura

Uma atitude positiva diante da dificuldade

“O otimista acredita que vivemos no melhor dos mundos.

O pessimista teme que isto seja verdade”.

– James Branch Cabell, 1926

otimismo no trabalho

[member_first_name], o otimismo é a habilidade de ver a vida pelo lado bom, mantendo uma atitude positiva mesmo diante da dificuldade. É o indicador de uma atitude e de um resultado positivo da vida de alguém. Tem a ver com permanecer esperançoso e resiliente, apesar de contratempos ocasionais. O otimismo é o oposto do pessimismo, que é um sintoma comum de depressão.

Reuben Rodriguez é um vice-presidente de RH no Grupo IMSA (agora conhecido como Ternium Mexico S.A. de C.V.), um fabricante que, com mais de US$ 5 bilhões em vendas e mais de 14.000 funcionários, está entre uma das 25 maiores empresas do México. Há 15 anos, na posição de gerente de exportação, Reuben estava com problemas ao fechar um negócio com um grande cliente que o observava como se estivesse pronto para levar seus negócios a outro lugar. Reuben estava triste e perplexo, e sua preocupação crescia ao longo do dia. Ele não conseguia ter foco no seu trabalho e sua vida pessoal começou a ser afetada. Pensamentos negativos ameaçavam esmaga-lo pela primeira vez em sua carreira. Então, um incidente aparentemente insignificante o levou a considerar o poder positivo do otimismo e os efeitos negativos de olhar o lado ruim.

Em um sábado de manhã, no meio do período mais estressante do dia de Reuben, um vendedor bateu à sua porta com uma encomenda de morangos frescos para a sua esposa. O vendedor estava acompanhado de outro homem mal vestido, carregando uma bandeja de doces, vendendo seu peixe sempre que a conversa ficava atravancada. Reuben o afastou em um primeiro momento, mas quando o homem persistiu, Reuben perdeu a paciência: “Você não entendeu”, ele gritou. “Você não sabe ouvir? Eu não quero doces! Vá embora e pare de me chatear. Aprenda a ouvir a mensagem – não significa não!” Com isso, Reuben tomou posse dos morangos e bateu a porta com força.

A força foi tanta que ela chegou a abrir levemente, e ele teve de voltar para fechá-la novamente. Dessa vez, ele acabou por ouvir os dois homens conversando enquanto iam embora. O vendedor de morangos tentou animar seu amigo, mas o vendedor de doces não precisava de consolo: “Sem problemas”, ele disse. “Esse cara vai ser meu cliente semana que vem, espera só. Ele só tá de mau humor, mas cedo ou tarde ele vai comprar.”

Reuben permaneceu na porta e teve uma ideia. Lá estava ele, um profissional altamente treinado, graduado em uma universidade tendo uma aula básica de vendas de uma fonte inesperada. O vendedor ambulante mostrou persistência, otimismo e espírito generoso. Em um dia em que tudo deu errado, ele viu uma oportunidade no futuro. E na verdade, esta oportunidade rapidamente se materializou. Reuben chamou o homem de volta, comprou uns doces e deu uma gorjeta bem grande.

Então, o vendedor fez a sua venda, mas e Reuben? Na verdade não, mas aceitou esse contratempo e buscou alcançar um sucesso maior. Ele aprendeu uma lição que permaneceu com ele – uma que se aplica até hoje ao treinar seus funcionários. A de que otimismo não tem nada a ver com o quão rico ou pobre você seja. É um recurso interior, é a habilidade de acreditar que há épocas de dificuldade, mas com um esforço renovado, tudo irá melhorar, e que falha e sucesso são, em um âmbito geral, estados de espírito.

Inverta os Três Ps (Permanência, Presença e Pessoalidade/ Culpa)

esperanca realista

Assim como a assertividade, o otimismo também é muito mal compreendido. Não é uma tendência em acreditar que as coisas vão dar certo, não importa o que aconteça. Tal tendência reflete em uma fraqueza em nosso teste de realidade. Também é abdicar de nossa parte da equação – o comportamento arriscado que pode nos cegar diante dos desafios reais que devem ser enfrentados e superados. Também não é a capacidade de ceder a uma conversa infinitamente estimulante – ficar repetindo coisas positivas sobre si mesmo. Isso pode te levar a um beco sem saída. Em vez disso tudo, o otimismo é a habilidade de parar de pensar e dizer coisas negativas sobre si mesmo e o mundo que o cerca, especialmente quando se está sofrendo com contratempos pessoais. O verdadeiro otimismo é uma abordagem compreensiva, esperançosa, porém realista da vida diária.

O psicólogo Martin Seligman descobriu três grandes atitudes que distinguem os otimistas dos pessimistas. Primeiro, eles enxergam os contratempos da vida como “bips” temporários no radar. Esse período ruim não irá durar para sempre, a situação irá mudar. Eles não se sentem condenados a caminhar em uma história de tristeza, desapontamento e fracasso que não se resolvem. Basicamente, eles enxergam as dificuldades e problemas como um atraso no sucesso, em vez de uma derrota total e certa. Segundo, eles têm a tendência de ver o azar como algo específico e situacional e não como uma manifestação de uma sentença inevitável e duradoura. Desta forma, até mesmo uma experiência muito negativa pode ser examinada individualmente – afinal, não é a última gota d’água. Terceiro, os otimistas não arcam com toda a culpa. Se seus questionamentos levam a causas externas, eles levarão estas causas em consideração.

Isso contrasta com os 3 Ps do pessimismo: permanência, perversidade e personalização. Os pessimistas tendem a experimentar cada contratempo como o novo em uma linha de erros passados – e muito provavelmente – futuros, aos quais estão fadados a sofrer. Qualquer lapso será visto como mais um exemplo de como eles fazem coisa errada todo o tempo. Por que coisas ruins acontecem o tempo todo? Porque os pessimistas decidem que sua própria incompetência ou ineficiência são as culpadas.

O otimista inverte esses 3 Ps – não por conta do chamado “poder positivo da mente”, mas por discordar de pensamentos autodestrutivos e sensações de desamparo. Imagine Rob, que perdeu uma grande oportunidade de trabalho depois de ficar preso em um congestionamento que o fez se atrasar para uma entrevista muito importante. Se ele fosse um pessimista inflexível, diria: “Também, né… Nada dá certo pra mim (Permanência). Não me admira isso ter acontecido, as coisas sempre dão errado (Presença). Sou um idiota por começar tão tarde e usar logo esse caminho (Pessoalidade/ Culpa).

Em contrapartida, se Rob tivesse uma visão otimista, ele poderia dizer algo assim: “Nossa, que azar. Mas eu tenho outra entrevista semana que vem (o resultado, mesmo sendo desagradável, não chega a ser o fim do mundo). Foi má sorte, mas eu já perdi outros compromissos antes e não estou ainda no limiar (a situação atual é peculiar, e não um reflexo de como as coisas “sempre” se tornam cinzas, e não seria necessário repetir). Não faz diferença que rota eu siga, a cidade inteira está parada (uma força externa fez sua parte)”.

Note que seria um erro para Rob tentar culpar seus problemas em cima do trânsito pesado. Isso seria procurar por desculpas, abdicando de toda a responsabilidade sobre como as coisas aconteceram. Certamente, o tráfego era um fator, mas ele poderia ter acordado bem cedo, a fim de ter mais segurança. Talvez ele o faça na próxima. Colocar toda culpa em fatores externos é tão ruim quanto colocar toda a culpa em nós mesmos. A abordagem mais salutar fica em algum lugar desses dois extremos.

O Otimismo Flexível x O Otimismo Cego

pe no chao

Outro perigo é colocar óculos com lentes cor-de-rosa. Se nossa atitude é positiva demais, ela pode nos levar a avaliações pouco críticas de uma determinada situação. Por isso, o otimismo está ligado ao Teste de Realidade – à nossa habilidade em ler o que nos cerca de forma precisa. Seligman usa o termo “otimismo flexível” para se referir à esperança “pé no chão”, distinguindo-o do “otimismo cego” – uma abordagem essencialmente ilusória e pouco crítica de si próprio. Os otimistas cegos são como se fossem Polllyanna (uma personagem de um romance infanto-juvenil, escrito em 1913, por Eleanor H. Porter, que sempre via a vida de modo positivo, mesmo em face das piores situações). Eles estão em estado de negação – para eles, nenhum problema existe, e o sucesso pode ser obtido mesmo com chances impossíveis diante da lógica. Eles podem negligenciar ou observar de forma supérflua o custo de uma falha.

Dando um exemplo extremo, se você gastar grandes quantidades de dinheiro comprando jogos da loteria, suas chances de ganhar aumentam ligeiramente, mas continuam em desvantagem sobre você, e enquanto isso, o preço da derrota aumenta, pois você já gastou muito do que você recebe em uma tarefa inútil. Às vezes, uma criança pode ver o que o otimismo cego não consegue – é hora de voltar e tentar de um novo jeito. Geralmente, essas são as vezes em que o custo em potencial de uma decisão particular é muito alto, mesmo que o risco envolvido seja, de alguma forma, baixo.

Dadas estas distinções, como podemos aumentar nosso senso de otimismo flexível ou realista? As adversidades e desapontamentos sempre nos acertam, mas nossas respostas variam. Uma abordagem otimista é vital para aprimorarmos a resiliência, a capacidade de reagir contra uma frustração ou erro. Por que os otimistas passam por contratempos de forma diferente dos pessimistas? Ambos, no longo prazo, provavelmente encontram o mesmo número de derrotas (embora os pessimistas, por esperarem pelo pior, talvez procurem por confusão e acabam achando-as com mais frequência). Uma resposta é que a diferença está em o que os otimistas dizem para e sobre si mesmo diante de uma situação adversa.

Como dito anteriormente, todo mundo responde a eventos diversos com pensamentos específicos, que levam a sentimentos e comportamentos. Os pessimistas seguem um ciclo particular. Seus pensamentos são de raiva e desamparo – querem algo, não conseguem, e se convencem de que nunca irão conseguir. Não é surpreendente que os sentimentos e comportamentos resultantes sejam de tristeza, culpa, impotência, passividade, inércia ou (pior ainda) ações destrutivas. O otimista se protege desses sentimentos e comportamentos, quebrando o ciclo de sinais destrutivos que aparecem à medida que os infortúnios surgem, substituindo-os por pensamentos mais apropriados. Pense nisso como se fosse gravar algo por cima em uma mesma fita. O resultado agora é o entusiasmo acerca de novas expectativas, a confiança de que os esforços renovados ou alternativos serão bem-sucedidos, o planejamento criativo, a atividade voltada ao objetivo e o bem- estar.

Dê um Tempo para Si Mesmo

Lembre-se de que é sempre recomendável procurar por alternativas plausíveis. Os pessimistas vão direto para o pior dos casos e levam isso para o lado pessoal, como explicado anteriormente. Por exemplo, imagine um “faz tudo” sem sorte que tenta consertar uma torneira defeituosa, mas falha. O que ele faz em seguida? Perde a cabeça, quebra as poucas ferramentas que ainda tem em mãos e põe a culpa em si mesmo usando o monólogo “pobre de mim”, dizendo o quanto é desengonçado, que há algo de errado com ele, que nunca irá aprender e assim por diante. A fim de entender o quão pouco produtivo esses pensamentos negativos são, imagine alguém dizendo essas mesmas coisas a ele. Essa pessoa seria considerada ofensiva e o faz tudo partiria para a defensiva.

Bom, para a sua defesa, talvez a iluminação não esteja boa, as ferramentas não sejam as mais adequadas ou a lavadora, do tamanho errado. Talvez seja um erro ficar atolado com coisas difíceis, dado o fato de tudo o que ele fez no dia. Talvez seja a hora de parar. Então, ele deveria focar no que é temporário e mutável (o tamanho da lavadora, a iluminação, a hora do dia) no que é específico em vez do todo (este é um trabalho difícil, mas houve vários outros trabalhos difíceis que não o deixaram para baixo) e, acima de tudo, no impessoal (tudo o que foi citado anteriormente, o que significa que a culpa não é toda dele).

De outra forma, ele poderia ligar para um bombeiro hidráulico, ou para um amigo mais habilidoso do que ele. Esta é uma técnica chamada de “E daí?”, e não deve ser desprezada. Teve a pior nota da turma? Teve uma promoção negada ou alguém se recusou a ir a um encontro com você? E daí? Apenas deixe isso para lá. Reconheça seus sentimentos sinceros de desapontamento, mas não seja vítima deles. Use o contratempo como um incentivo. Assista outra aula – alguma que seja melhor para seus interesses e habilidades, e sua pontuação será maior. Outra empresa ou departamento poderá reconhecer seus talentos; outra aplicação poderá levar você ao resultado que deseja. Em relação à vida amorosa, uma quantidade de rejeições não quer dizer que não há a pessoa certa para você. O romance é uma empreitada misteriosa; você nunca saberá quando o Sr. Certo ou a Sra. Certa irá surgir, e é melhor estar preparado se sua cabeça estiver enfiada em uma pilha de pessimismo.

seguir em frente

Mesmo que alguns de seus pensamentos negativos tenham certa validade no momento, você deve continuar seguindo em frente, dando passos que lhe permitam lidar melhor com situações parecidas no futuro. Não repita seus erros. É surpreendente ver quantas pessoas – especialmente aquelas com tendências pessimistas – continuam a bater a cabeça contra a parede, talvez como forma de se punirem por não serem aptas a alcançar o sucesso em uma tarefa em particular. Isso não leva a lugar algum. Não estamos aconselhando a desistir diante da adversidade. Estamos dizendo: “dê um tempo, volte, observe-se de forma objetiva e não se force a fazer algo repetidas vezes se você não sabe quais são suas habilidades”. Este autoexame realista é uma habilidade por si só, que levará a dias melhores.

Exercícios

Em seu livro Aprenda a Ser Otimista, o psicólogo Martin Seligman detalha várias pesquisas científicas que mostram que as pessoas otimistas vivem mais, têm menos doenças e baixa pressão sanguínea. Eles são mais propensos a serem bem-sucedidos. É surpreendente? Na verdade não. O otimismo realista é a habilidade de ver a vida pelo lado bom, mantendo uma atitude positiva mesmo diante da dificuldade. É uma abordagem positiva diante do dia a dia. As pessoas otimistas reconhecem quando estão em situações complicadas, mas tem um pensamento positivo acerca do resultado das coisas – baseado no reconhecimento de suas próprias habilidades, na capacidade de endereçar os problemas ativamente e na habilidade de lembrar de outras situações em que foram bem-sucedidos ao contornar um obstáculo. Deste modo, os otimistas realistas se destacam daqueles indivíduos que mantêm um olhar positivo apesar de evidências claras de que estão lidando com problemas reais e muito difíceis. Estas pessoas não são realisticamente otimistas; elas têm sérias dificuldades com seu teste de realidade. Elas se mantêm cegas aos problemas reais que encontram, enfiando a cabeça na terra.

As pessoas otimistas são resilientes e ousadas. Elas encaram situações adversas com uma atitude de “é possível fazer”. Em vez de se sentirem desamparados, com vontade de desistir ou fugir das situações difíceis, elas perseveram: são obstinadas, continuam tentando. Elas também são flexíveis, tentam diferentes abordagens. Essas qualidades são o combustível de seu sucesso.

 

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Referência:

Tradução livre do capítulo 17 do livro The EQ Edge: Emotional Intelligence and Your Success, Steven J. Stein, Howard E. Book

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