Tendências em Educação Corporativa: dinâmica para uma gestão gradual do conhecimento12 min de leitura

Toda empresa precisa ter gente que erra, que não tem medo de errar e que aprende com o erro.”

– Bill Gates

O mundo empresarial vem passando por grandes transformações ao longo das últimas décadas. Nesse contexto, mostra-se cada vez mais importante encontrar soluções de educação corporativa (EC) que respondam aos desafios estratégicos de cada negócio, gerando competitividade e alavancando a performance.

Aliar novas técnicas de qualificação dos funcionários a recursos tecnológicos de ponta representa para a maioria dos especialistas da atualidade uma fórmula infalível para o sucesso empresarial. Para desenvolvê-la, porém, as organizações devem analisar e desenvolver as principais tendências em educação corporativa, aperfeiçoando as técnicas da equipe ao mesmo tempo em que promovem a gestão de pessoas e a melhoria do ambiente de trabalho em geral.

Fundamentos da Educação Corporativa

De acordo com o Relatório de Treinamento Industrial realizado nos Estados Unidos, em 2017, as empresas investiram no período mais de 90 bilhões de dólares em atividades de treinamento de funcionários (Training, 2017).

No Brasil, o conceito de educação corporativa popularizou-se durante a década de 1990, com o redimensionamento dos processos da área de treinamento. A partir daí, as empresas compreenderam que o profissional deve estar em processo contínuo de
autodesenvolvimento, passando o foco da formação profissional do trabalhador para a educação profissional das organizações.

A EC representa um projeto educativo e um sistema de desenvolvimento de pessoas voltado para os seguintes fatores:

  1. Desenvolvimento de competências e aprendizado organizacional, alcançando
    o público interno e externo e aumentando a competitividade;
  2. Aperfeiçoamento e qualificação constantes dos profissionais;
  3. Geração de conhecimentos, habilidades e atitudes nos funcionários da
    organização, indo além do conhecimento técnico e instrumental;
  4. Formação de competências para atingir o sucesso da empresa e dos clientes;
  5. Aprendizagem baseada na prática dos negócios;
  6. Difusão de valores e crenças da empresa, do ambiente de negócios e da cultura
    empresarial;
  7. Criação de parcerias com universidades e instituições de educação
    geral e profissional para agregar valor aos programas organizacionais;
  8. Estabelecimento de uma visão global de negócio com enfoque no capital intelectual;
  9. Gestão de conhecimento da organização.

A globalização e a expansão das fronteiras organizacionais requerem uma dinâmica de competências e uma crescente gestão do conhecimento, forçando a consolidação do conhecimento organizacional e da inteligência competitiva (Martins e Fuerth, 2016, p.15 apud Casado e Genes, 2017).

Para obter êxito, a educação corporativa deve também estar atrelada a um plano de carreira ou ascensão, de modo que o profissional em questão possa conquistar melhores colocações para aplicar o conhecimento construído. Nesse sentido, é importante observar as quatro aprendizagens essenciais descritas no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (UNESCO, 2010):

Aprender a conviver:

Compreender e respeitar a diversidade humana, reconhecendo como diferentes histórias, tradições e espiritualidades podem coexistir harmoniosamente e, juntas, contribuir para a realização de projetos comuns. Isso é possível somente através de uma “gestão inteligente e apaziguadora dos inevitáveis conflitos” (UNESCO, 2010, p. 13).

Aprender a conhecer:

Aliar uma cultura geral, vasta o suficiente, à necessidade de especialização em um campo de atuação específico, formando as bases para se aprender durante toda a vida. Dessa forma, a cultura geral adquirida funciona como “passaporte para uma educação permanente” (UNESCO, 2010, p. 13).

Aprender a fazer:

Tornar-se apto a lidar com situações desafiadoras e imprevistas, as quais frequentemente exigem trabalho coletivo. É necessário também aprender a tomar a iniciativa e assumir responsabilidades diante de eventuais problemas.

Aprender a ser:

Segundo o relatório da UNESCO, “no século XXI, todos nós seremos obrigados a incrementar nossa capacidade de autonomia e de discernimento, acompanhada pela consolidação da responsabilidade pessoal na realização de um destino coletivo” (UNESCO, 2010, p. 14)”.

Por isso, é fundamental conquistar mais autonomia e discernimento, buscando sempre o autodesenvolvimento pessoal, profissional e social.

A EC exige total participação e comprometimento dos líderes e gestores empresariais, que devem assumir o papel de educadores, auxiliando a promover a aprendizagem das equipes. Além disso, profissional e empresa devem falar a mesma linguagem ao longo de todo o processo, debatendo cenários reais e até mesmo corrigindo deficiências em grupos de funcionários. Assim, a educação corporativa é adequadamente utilizada como ferramenta de criação e aperfeiçoamento de competências            na implantação das estratégias organizacionais.

Ferramentas digitais de EC

Assunto amplamente abordado hoje em dia, o impacto da tecnologia nas empresas mostra-se cada vez mais determinante para o sucesso das mesmas, tornando os negócios mais produtivos e fornecendo subsídios confiáveis para a tomada de decisões. Tratando-se da qualificação dos colaboradores, os recursos tecnológicos também são essenciais e capazes de beneficiar a gestão de pessoas e o ambiente de trabalho em geral. São algumas das principais ferramentas técnicas da atualidade:

Figura 1.1. Recursos tecnológicos aplicáveis à educação corporativa.

Storytelling no EaD:

O Ensino a Distância segue em expansão e já conta com cerca de 2 mil cursos disponíveis, em todo o Brasil, apenas para o Ensino Superior. A modalidade EaD, no entanto, também é aplicada em outras áreas da educação, inclusive no setor corporativo. Para tornar as aulas e os treinamentos a distância mais eficientes, uma técnica muito utilizada atualmente é o storytelling ou contação de história. Nela, são feitas narrativas para estimular a imaginação e a criatividade dos estudantes, enquanto é relatada, por exemplo, a história de como um pequeno estabelecimento foi transformado em um grande player do setor após tomar certas medidas e decisões corporativas.

Mobile learning:

Com mais de 230 milhões de smartphones operantes (Folha, 2017), o Brasil é um dos países mais “conectados” do mundo. Sabendo que a grande maioria dos funcionários também usa seus aparelhos conectados à internet – inclusive no horário de expediente -, é crucial saber aproveitar esse recurso.

A ferramenta mobile learning desponta como um mecanismo inovador para promover a capacitação dos profissionais. Um mobile learnig disponibiliza videoaulas, e-books ou testes e jogos educativos para estimular os colaboradores a desenvolver novas habilidades e saberes de modo simplificado. O método mobile learning tem como grande diferencial a mobilidade, comodidade e privacidade proporcionadas aos estudantes, que podem participar dos cursos em diversos lugares, bastando o uso do aparelho. É possível ainda combinar essa ferramenta com o microlearning, onde o funcionário realiza pequenos treinamentos no celular diariamente.

Figura 1.2 Mobile learning.

Treinamentos personalizados:

A personalização é um elemento-chave em quase todos os tipos de educação corporativa. Geralmente, os treinamentos internos são padronizados e transmitidos massivamente, para times inteiros ou mesmo toda a organização. Essa abordagem, porém, desconsidera o fato de que cada colaborador possui talentos e fraquezas próprias, além de serem mais propensos a aprender de um modo também específico. Com a personalização, os treinamentos conseguem auxiliar cada funcionário em suas principais questões. O treinamento personalizado ainda é capaz de proporcionar maior autonomia ao profissional, que pode selecionar os cursos mais apropriados ao seu planejamento de carreira.

Gamificação:

A aplicação da estratégia de gamification ou gamificação na educação corporativa é uma forte tendência para os próximos anos. Nesse processo, a ideia é tornar a aprendizagem algo mais leve e envolvente, priorizando sempre os resultados de longo prazo. As organizações podem inventar jogos ou adaptá-los conforme suas demandas internas; assim, se é identificada uma dificuldade em reduzir os índices de acidentes de trabalho, por exemplo, uma alternativa é desenvolver um game em que os trabalhadores detectam falhas na utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como um jogo dos 7 erros.

De acordo com o Gartner Group, empresa global no ramo das pesquisas, consultorias, eventos e prospecções acerca do mercado de tecnologia da informação (TI), a gamificação pode ser definida como “o uso das técnicas e do design dos games para promover, digitalmente, o engajamento e a motivação das pessoas em prol de uma meta específica” (Gartner, 2014).

É importante observar que a gamificação não se limita ao ambiente digital, sendo possível também oferecer treinamentos presenciais mais dinâmicos e envolventes, abordando assuntos como criatividade e trabalho em equipe. São exemplos disso as simulações de crises, que possibilitam a elaboração de estratégias para eventos reais em um ambiente controlado.

Figura 1.3 Gamification: lógica dos games na educação corporativa.

Ensino híbrido:

Em uma sala de aula, geralmente cabe ao professor compartilhar seus conhecimentos com os alunos, não é mesmo? Mas e se os estudantes também dividissem suas experiências e informações? No ensino híbrido, o material da aula é distribuído antecipadamente entre os alunos – o que pode ser feito através de aplicativos de celular -, que o analisam para contar o que aprenderam no dia da aula. Dessa forma, busca-se tornar o ambiente de aprendizado e treinamento o mais horizontal possível, incentivando ainda a autonomia dos profissionais. Além disso, o espírito de equipe também sai fortalecido pelas trocas de saberes entre colegas de trabalho, intensificando a satisfação geral com o negócio.

Figura 1.4 Ensino híbrido: troca de conhecimentos e experiências.

Non stop:

Em tempos de acesso massivo e ilimitado à informação, a qualidade da educação (pessoal e profissional) desponta como um grande diferencial para qualquer cargo e organização. Com novas tecnologias e metodologias surgindo em ritmo acelerado, parar de aprender significa ser deixado para trás. Nesse cenário, a educação non stop é um dos principais recursos para manter uma capacitação contínua.

Através da abordagem non stop o profissional passa por treinamentos internos e recebe qualificações em instituições externas – processo que pode inclusive ser subsidiado pela empresa. Além disso, é importante atentar sempre para novos conteúdos online, seja nas redes sociais, em cursos ou sites especializados.

Alquimia de aprendizagem:

Como, diante de tanta informação, distinguir o que é realmente relevante para cada problema ou em cada contexto? A transformação de simples dados em objeto de aprendizagem exige uma criteriosa seleção e análise das informações. E a solução ideal para esse desafio pode ser a chamada alquimia de aprendizagem.

Nesse processo, os alquimistas são os responsáveis por realizar a filtragem e a curadoria de conteúdo, transmitindo aos funcionários apenas aquilo que de fato é significativo para a capacitação corporativa. Qualquer colaborador da organização pode e deve ser incentivado a realizar a alquimia de aprendizagem, pesquisando novas informações de modo autônomo e dividindo os conhecimentos adquiridos com os colegas.

Estratégias de avaliação da EC

A avaliação dos educandos é uma etapa fundamental do processo de construção do conhecimento, uma vez que tomamos os resultados como parâmetro para os próximos passos. A aprendizagem, portanto, não se encerra na avaliação, que representa na realidade uma oportunidade de verificar quais conceitos foram assimilados, mal interpretados ou incompreendidos, ajustando o treinamento a partir desses dados. Há diversas formas de se avaliar e diversos propósitos para uma avaliação, que devem estar alinhados à metodologia de ensino e ao tipo de treinamento.

Um treinamento organizacional bem-sucedido é essencial para capacitar os profissionais e alcançar os resultados almejados pela empresa. Nesse sentido, são alguns dos principais benefícios da avaliação dos métodos de EC:

  • Parear a evolução dos funcionários
  • Medir o aproveitamento e envolvimentos com os cursos
  • Incentivar a aplicação dos conhecimentos no dia a dia
  • Acompanhar a evolução profissional dos colaboradores
  • Diminuição da evasão e crescimento do engajamento
Figura 1.5 Tipos de avaliação de métodos de EC.

Empresas que oferecem e monitoram os treinamentos de seus colaboradores costumam obter resultados muito acima da média do seu mercado de atuação. Mas como implementar mecanismos mais sólidos e confiáveis para medir esses resultados?

Pensando nisso, a FELLIPELLI oferece os mais conceituados cursos do mundo para promover a qualificação profissional, como o TEAM MANAGEMENT PROFILE® e o BRAIN BUSINESS POWER, ´além das ferramentas de assessment que representa com exclusividade no Brasil, como o MBTI®.

Para saber mais:

  • Educação Corporativa – Fundamentos e Gestão – Série Educação. Organização: Ramal, Andrea. Editora LTC
  • Treinamento, Desenvolvimento e Educação em Organizações e Trabalho. Borges, Jairo E.; Andrade, Gardência da Silva Abbad; Mourão, Luciana – Artmed.
  • Jogos para Educação Empresarial. Yvete Datner. Editora Ágo
Referências bibliográficas
  • UNESCO, 2010. Acesso em: 25/11/2018.
  • TRAINING, 2017. Acesso em: 25/11/2018.
  • MARTINS, A; FUERTH, L.R. A Educação Corporativa e o processo de requalificação profissional das empresas brasileiras. Revista Cadernos de Administração; 2008 apud CASADO, Maria Helena e GENES, Rafaela Moreira Cavalcanti Freitas. Educação Corporativa: uma formação ao longo da vida, 2017.
  • Folha, 2017. Acesso em: 25/11/2018.
  • Gartner, 2014. Acesso em: 25/11/2018.

Tema principal: Técnicas de coaching.

Subtemas: Educação corporativa – fundamentos, tendências e vantagens de implementar um programa na sua empresa.

Objetivo: Coaching, Orientação Profissional, Comportamento Organizacional, Carreira, Autoconhecimento, Autodesenvolvimento, Desenvolvimento de Competências.

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