Por que a rejeição dói tanto? E o que fazer sobre isso?6 min de leitura

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O psicólogo Guy Winch compartilha algumas dicas práticas para aliviar a dor da rejeição.

A rejeição é a causa mais comum de “ferida” emocional que sustentamos ao longo da nossa vida cotidiana. Nosso risco de rejeição costumava ser limitado pelo tamanho do nosso círculo social ou em encontros amorosos. Hoje, graças à comunicação eletrônica, às plataformas de mídias sociais e aplicativos de namoro, cada um de nós está conectado a milhares de pessoas, as quais podem ignorar nossos posts, conversas, textos ou perfis de namoro, resultando assim em um sentimento de rejeição.

Além dessas categorias menores de rejeição, também estamos vulneráveis a casos mais sérios e devastadores. Quando nosso cônjuge nos deixa, quando somos despedidos do trabalho, quando somos desprezados pelos nossos amigos ou deixados de lado pela nossa família ou pela comunidade por conta das nossas escolhas de estilo de vida, a dor sentida pode ser totalmente paralisante.

Mesmo a rejeição vivenciada sendo grande ou pequena, uma coisa permanece constante – ela sempre dói, geralmente mais do que esperávamos.

A questão é: por quê? Por que nos preocupamos tanto quando um bom amigo nosso deixa de curtir uma foto das férias da família no Facebook? Por que isso acaba com o nosso humor? Por que algo aparentemente tão insignificante nos deixa com raiva do nosso amigo, mal-humorados, fazendo com que a gente não se sinta bem?

“O maior dano que a rejeição causa é geralmente autoinflingido. Justamente quando nossa autoestima está ferida, nós a machucamos mais ainda.”

A resposta é: nossos cérebros foram programados para responder assim. Quando os cientistas puseram algumas pessoas em aparelhos de ressonância magnética e quando foi solicitado a elas lembrarem de alguma rejeição recente, eles descobriram algo impressionante: a mesma área da dor física é ativada quando vivenciamos uma rejeição. Por isso, algumas pequenas rejeições doem mais do que achamos que deveriam, pois elas provocam dores físicas, apesar de serem emocionais.

Mas por que o nosso cérebro foi programado desta forma?

Os psicólogos evolucionistas acreditam que tudo começou quando éramos caçadores que viviam em tribos. Tendo em vista que não podíamos viver sozinhos, ser deixado de lado pela nossa tribo era, basicamente, uma sentença de morte. Como resultado, desenvolvemos um mecanismo de aviso prévio que nos alerta quando corremos o risco de “sermos eliminados” pelos nossos colegas – e isso era a rejeição. As pessoas que vivenciavam a rejeição de forma mais dolorosa eram mais propensas a mudar seu comportamento, permanecer na tribo e passar esses genes adiante.

É claro que a dor emocional é apenas uma das formas as quais a rejeição impacta no nosso bem-estar. As rejeições também danificam o nosso humor e nossa autoestima, trazem à tona a raiva e a agressividade e desestabilizam a nossa necessidade de pertencimento.

Infelizmente, o maior dano que a rejeição causa é geralmente autoinflingido. De fato, a nossa resposta natural ao sermos dispensados por um parceiro íntimo ou escolhidos por último para montar um time não é apenas de lamber as feridas, mas de nos tornarmos extremamente autocríticos. Nos xingamos, lamentamos nossos erros e sentimos desgosto de nós mesmo. Em outras palavras, justamente quando nossa autoestima está ferida, nós a machucamos mais ainda. Isso não é sadio emocionalmente falando, sendo uma atitude autodestrutiva em termos psicológicos, mesmo cada um de nós tendo feito isso em algum momento.

A boa notícia é que há formas mais saudáveis e melhores de responder à rejeição, de diminuir as respostas não saudáveis, aliviar nossa dor emocional e reconstruir nossa autoestima. Aqui estão algumas delas:

Ter tolerância zero com a autocrítica

Por mais que seja tentador listar todos o s seus fracassos após uma rejeição, e por mais natural que seja se martirizar pelo que fez de “errado”, não faça isso! Reveja, por todos os meios possíveis, o que aconteceu e considere fazer diferente no futuro, mas não há nenhuma boa razão para ser punitivo e autocrítico. Está tudo bem em pensar em algo como “eu deveria evitar de falar sobre minha ex no meu primeiro encontro”. Pensar coisas como “eu sou um perdedor” não é.

Outro erro comum que cometemos é assumir que uma rejeição é pessoal, quando não é. A maioria das rejeições, sejam elas românticas, profissionais e até mesmo sociais são devidas à “adaptação” e a circunstância. Passar por uma busca exaustiva das suas próprias deficiências, em um esforço para compreender o motivo pelo qual tal coisa não “funcionou” não é apenas desnecessário, mas ilusório.

Reviva a sua autoestima

Quando a sua autoestima é atingida, é importante lembrar-se do que você tem a oferecer (ao contrário de listar suas falhas). A melhor forma de impulsionar sua autoestima após uma rejeição é afirmando aspectos próprios que você sabe que são valiosos. Liste 5 qualidades que você possui e que são importantes e significativas – coisas que tornam um bom pretendente (ser um companheiro e estar emocionalmente disponível), um bom amigo (ser leal ou ser um bom ouvinte), ou um bom empregado (ser responsável ou ser ético). Escolha uma delas e escreva um parágrafo curto ou dois (escreva mesmo, não pense apenas) sobre por que essa qualidade é importante para os outros, e como você poderia expressá-la em uma situação relevante. Aplicar os primeiros socorros emocionais desta forma irá impulsionar sua autoestima, reduzir a sua dor emocional e construir sua confiança em seguir em frente.

Impulsione os sentimentos da conexão social

Como animais sociais, precisamos nos sentir queridos e valorizados pelos vários grupos sociais dos quais fazemos parte. A rejeição desestabiliza a nossa necessidade de pertencimento, nos deixando transtornados e socialmente desprendidos. Assim, precisamos nos lembrar de que somos amados e apreciados para que possamos nos sentir mais conectados. Se seus colegas de trabalho não te convidam para o almoço, vá beber algo com os amigos do futebol. Se seu filho se sente rejeitado por um colega, crie um plano para que ele conheça um outro colega o quanto antes. E se um pretendente não retornar suas mensagens, ligue para seus avós e lembre-se que apenas a sua voz pode trazer alegria aos outros.

A rejeição não é uma situação fácil, mas saber como limitar o dano psicológico que ele causa, e como reconstruir sua autoestima quando a rejeição acontecer irá ajudar a se recuperar mais brevemente e a seguir em frente de modo confiante, quando for chegada a hora de um próximo encontro ou evento social.

Fonte: http://ideas.ted.com/why-rejection-hurts-so-much-and-what-to-do-about-it/

Traduzido e revisado por Fellipelli Consultoria Organizacional.


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